Dados Biográficos do Autor: Professor, contador de historias e escritor, Rógerio Andrade Barbosa é reconhecido pelo mundo por suas obras literarias e participações diversas em eventos sobre a importancia da leitura. Escritor de mais de 70 obras infantis e infanto-juvenil, recebeu varios premios nacionais e internacionais por sua trajetoria, entre eles o premio Ori 2007 para aos que se destacaram na valorização da matriz negra na formação da cultura brasileira.
Dados Biográficos do Ilustrador: Thais Linhares é ilustradora de diversas obras literarias e também quadrinista e escritora. Recentemente está trabalhando com cinema, em um projeto junto à secretaria de cultura do Rio de Janeiro.
Ano de Publicação: 2007
Editora: Pallas
Proposta da Coleção: Sem fazer parte de uma coleção, propriamente dita, “Uma idéia luminosa” é conseqüência da lei 10.639, que incluiu no currículo escolar a historia de África e afro-descendentes. Além disso, Rogério Andrade é reconhecido por suas obras infanto-juvenil com a temática afro-brasileira.
Avaliação do Conteúdo:
Enredo: “Uma idéia luminosa” é um conto de Eritréia, aonde vemos a vida intima de uma familia e a relação Pai e filhos. Retratando uma região pouco conhecida e mostrando a sua diversidade religiosa e a sua cultura material, o enredo ganha maior importância com as belas ilustrações do livro. Nesta historia os filhos devem provar ao seu pai as suas capacidades para administrar os bens da familia.
Vocabulário: Livro infantil de facil compreensão, se utiliza de algumas palavras da cultura de Eritréia, que ao final do livro são explicadas.
Temas/Ênfase: A tematica deste conto é recorrente em diversas culturas. Os filhos devem fazer uma especie de competição para mostra apatidões que tranquilize o pai, a beira da morte, quanto o destino da familia.
Contexto Histórico / Espacial / Social: O conto é narrado por ex-combatente na guerra de independencia de Eritréia, que era ligada a Etíopia. Porem a historia contada se passa no periodo de dominação etíope.
Avaliação das Ilustrações e Diagramação:
Descrição: Representações detalhadas.
Relação com o Texto: As imagens nesta obra, ganham um peso forte para um maior entendimento da cultura Eritréia.
Onde comprar:
Estante Virtual
Livraria Cultura
Livraria Saraiva
Livraria Siciliano
Repensando a África
"tenho a minha história e a minha identidade,
então sou e existo[...]”
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quinta-feira, 30 de junho de 2011
Livro "Um passeio pela África"
Dados Biográficos do Autor: Alberto da Costa e Silva, especialista em assunto africano, é ensaísta, poeta e memorialista. Nas obras dedicadas a África ressalta-se: “A enxada e a lança”, “A manilha e o libambo”, “Um rio chamado Atlântico”, “Francisco Félix de Souza, mercador de escravos” e “Das mãos do oleiro”.
Dados Biográficos do Ilustrador: Rodrigo Rosa é ilustrador de vários livros infantis ou não, além de ser cartunista de jornais e revistas. Entre os livros no qual ilustrou estão: “O negrinho do pastoreio e outras lendas gauchas”, “As aventuras de Tibicuera, Erico Veríssimo” e também “Um passeio pela África”.
Ano de Publicação: 2006
Editora: Nova Fronteira/Centro de Estudos Afro-Orientais (UFBA)
Proposta da Coleção: A obra faz parte de um projeto editorial chamado Histórias ao Sul. Este projeto tem como objetivo a divulgação de obras de pesquisadores do “sul”, em contraposição ao conhecimento vindo unicamente do “norte”, devido à constatação de que as obras sobre o “sul” são majoritariamente escritas no eixo EUA – Europa.
Avaliação do Conteúdo:
Enredo: “Um passeio pela África” trata de uma viagem de três crianças a África, aonde estes vão desconstruindo as imagens esotéricas, acerca da África, que tinham na cabeça. Vão conhecendo uma diversidade de povos e culturas dentro da própria África, um pouco de suas historias, organizações políticas e sociais. O mais importante é o combate a idéia de atraso cultural na África, ressaltando as contribuições culturais para todo o mundo, e sobretudo ao Brasil.
Vocabulário: Utilizando de fácil linguagem, hora ou outra ressalta algumas palavras de origem africana para demonstrar a importância cultural da região para o mundo todo. Demonstra a apropriação de diversas palavras de origem africana ao nosso vocabulário e a existência de diversos tipos de línguas criolas, mistura lingüística entre as línguas africanas e outras línguas.
Temas/Ênfase: A obra mostra uma preocupação com o restrito conhecimento acerca da África e tem como objetivo desconstruir espécies de mitos exóticos sobre a África, como por exemplo: Um povo que vive entre os animais ou que na África vive só um povo de cultura única. A viagem de Inácio, Zezinha e Gustavo passa a ser a de todas as pessoas que lêem o livro e vão conhecendo, junto a estes, a verdadeira África e não a idéia comum de região miserável, pobre e tomada por doenças.
Contexto Histórico / Espacial / Social: A viagem se passa no contexto atual da África, aonde aos leitores vão sendo apresentados uma dualidade: Modernidade e tradicionalismo. Passando por grande parte da África, vai se percebendo as diferenças existentes entres os povos da África Atlântica, a diferença geográfica/ambiental entre esta mesma região da África e a África Índica, e ate mesmo a diferença religiosa dentro de uma cidade.
Avaliação das Ilustrações e Diagramação:
Descrição: Imagens representativas de passagens do texto, abundantemente coloridas.
Relação com o Texto: Representações detalhadas das descrições contidas no texto.
Avaliação Geral: A obra "Um passeio pela África" traz uma nova perspectiva sobre a África não só para crianças e adolescentes, mas tambem para adultos. No proprio enredo vemos adultos demostrarem que tem um conhecimento banalizado e preconceituoso acerca da África. Alberto da Costa e Silva não se detem apenas nas especificidades da África, tenta mostrar as suas proximidades com as nações "ocidentais", sobretudo o Brasil. Leitura facil e divertida, este livro é recomendado para o trabalho em sala de aula.
Onde Comprar:
Estante Virtual
Livraria Cultura
Livraria Saraiva
Livraria Siciliano
Dados Biográficos do Ilustrador: Rodrigo Rosa é ilustrador de vários livros infantis ou não, além de ser cartunista de jornais e revistas. Entre os livros no qual ilustrou estão: “O negrinho do pastoreio e outras lendas gauchas”, “As aventuras de Tibicuera, Erico Veríssimo” e também “Um passeio pela África”.
Ano de Publicação: 2006
Editora: Nova Fronteira/Centro de Estudos Afro-Orientais (UFBA)
Proposta da Coleção: A obra faz parte de um projeto editorial chamado Histórias ao Sul. Este projeto tem como objetivo a divulgação de obras de pesquisadores do “sul”, em contraposição ao conhecimento vindo unicamente do “norte”, devido à constatação de que as obras sobre o “sul” são majoritariamente escritas no eixo EUA – Europa.
Avaliação do Conteúdo:
Enredo: “Um passeio pela África” trata de uma viagem de três crianças a África, aonde estes vão desconstruindo as imagens esotéricas, acerca da África, que tinham na cabeça. Vão conhecendo uma diversidade de povos e culturas dentro da própria África, um pouco de suas historias, organizações políticas e sociais. O mais importante é o combate a idéia de atraso cultural na África, ressaltando as contribuições culturais para todo o mundo, e sobretudo ao Brasil.
Vocabulário: Utilizando de fácil linguagem, hora ou outra ressalta algumas palavras de origem africana para demonstrar a importância cultural da região para o mundo todo. Demonstra a apropriação de diversas palavras de origem africana ao nosso vocabulário e a existência de diversos tipos de línguas criolas, mistura lingüística entre as línguas africanas e outras línguas.
Temas/Ênfase: A obra mostra uma preocupação com o restrito conhecimento acerca da África e tem como objetivo desconstruir espécies de mitos exóticos sobre a África, como por exemplo: Um povo que vive entre os animais ou que na África vive só um povo de cultura única. A viagem de Inácio, Zezinha e Gustavo passa a ser a de todas as pessoas que lêem o livro e vão conhecendo, junto a estes, a verdadeira África e não a idéia comum de região miserável, pobre e tomada por doenças.
Contexto Histórico / Espacial / Social: A viagem se passa no contexto atual da África, aonde aos leitores vão sendo apresentados uma dualidade: Modernidade e tradicionalismo. Passando por grande parte da África, vai se percebendo as diferenças existentes entres os povos da África Atlântica, a diferença geográfica/ambiental entre esta mesma região da África e a África Índica, e ate mesmo a diferença religiosa dentro de uma cidade.
Avaliação das Ilustrações e Diagramação:
Descrição: Imagens representativas de passagens do texto, abundantemente coloridas.
Relação com o Texto: Representações detalhadas das descrições contidas no texto.
Avaliação Geral: A obra "Um passeio pela África" traz uma nova perspectiva sobre a África não só para crianças e adolescentes, mas tambem para adultos. No proprio enredo vemos adultos demostrarem que tem um conhecimento banalizado e preconceituoso acerca da África. Alberto da Costa e Silva não se detem apenas nas especificidades da África, tenta mostrar as suas proximidades com as nações "ocidentais", sobretudo o Brasil. Leitura facil e divertida, este livro é recomendado para o trabalho em sala de aula.
Onde Comprar:
Estante Virtual
Livraria Cultura
Livraria Saraiva
Livraria Siciliano
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Repensando a África através das Histórias em Quadrinhos
Presas por muito tempo a uma visão preconceituosa e pejorativa, as Histórias em Quadrinhos começam a figurar como linguagem respeitada nas áreas acadêmicas e pedagógicas, resgatando e redescobrindo as possibilidades didáticas que podem ser encontradas nas artes sequenciais. A virada do século observou as novas possibilidades que os quadrinhos representam na área do ensino, inserindo os quadrinhos na realidade das escolas brasileiras através da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) em 1996 e, mais recentemente, incluindo os quadrinhos no Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE).
Apesar do uso efetivo dos quadrinhos como objeto de estudos acadêmicos e pedagógicos ainda serem pouco explorados, eles podem representar uma eficiente plataforma para novas abordagens, servindo como uma excitante ferramenta para o aprendizado de temáticas africanas.
A LEI 10.639 E OS QUADRINHOS NO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS
A temática da História e Cultura Afro-Brasileira deve ser apreendida, “em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”, de acordo com os termos da lei 10.639 - que inclui a temática de forma obrigatória nos currículos de nossas escolas. Devido suas características específicas, as histórias em quadrinhos são melhores aproveitadas nas escolas justamente nestas três áreas de educação, como podemos observar analisando os títulos selecionados pelo PNBE (onde observamos a presença de quadrinhos de caráter históricos e adaptações literárias). Apesar da suposta diversidade das histórias em quadrinhos que podem ser encontradas nas bibliotecas escolares, infelizmente poucas tratam diretamente da temática africana.
Ao contrário do que muita gente pode pensar essa escassez não pode ser explicada pelo mercado. Um número cada vez maior de quadrinhos sobre o assunto está sendo publicado, inclusive por editoras brasileiras, sejam quadrinhos nacionais ou não, sendo reservado pouco espaço para as publicações africanas propriamente ditas. De qualquer forma, as histórias em quadrinhos, africanas ou não, nos proporcionam uma novo diálogo com a “História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.” (lei 10.639)
AS HQs NACIONAIS: NOVAS ABORDAGENS DO NEGRO NO BRASIL
Existem ótimas publicações nacionais sobre a História da África e dos Afrodescendentes, inseridas dentro do contexto do quadro de luta e das conquistas recentes dos movimentos sociais acerca da representação do negro afrodescendente no Brasil.
Além de publicações de autores consagrados, como “Cai o Império: República vou ver!”, cujo roteiro é de autoria de Lilia Moritz Schwarcz e ilustrado por Angeli, podemos destacar algumas publicações mais recentes, como as ousadas e inovadoras Chico Rei, NoiteLuz.
Outras publicações refletem a participação governamental nas políticas de inserção do negro nos processos de formação nacional, com ênfase nas aventuras de personagens históricos, como Zumbi e João Cândido. Outro quadrinho que sem dúvida merece destaque é a adaptação do clássico Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre, de 1981, que recentemente ganhou uma edição colorida.
A ÁFRICA SELVAGEM DAS HQs ESTRANGEIRAS
Muitas obras estrangeiras onde figuram a temática e o cenário africano também despertaram o interesse das editoras brasileiras, embora muitas vezes as representações eurocêntricas e até mesmo preconceituosas de certos autores possam representar um perigo se não forem devidamente contextualizadas, podendo servir como uma crítica ao pensamento da época.
O clássico Tintin no Congo, ilustrado pelo belga Hergé, quando o autor tinha apenas 23 anos, é um exemplo escrachado da visão imperialista vigente na década de 30, quando o gibi teve sua primeira publicação. Devido ao seu conteúdo francamente racista e colonialista, o álbum chegou até mesmo a sofrer um processo no tribunal Belga. Porém isto não significa que todas as publicações estrangeiras sejam preconceituosas e limitadas à África exótica de Tarzan ou Fantasma: basta citar, entre uma infinidade de bons títulos, as obras do mestre Will Eisner sobre contos africanos.
A AFRICA DESENHADA PELOS PRÓPRIOS AFRICANOS
Pouca atenção, contudo, têm se dado no Brasil aos quadrinhos produzidos neste imenso continente que é a África, composto de 52 países multifacetados, de uma diversidade cultural única. Entretanto o mercado africano de história em quadrinhos apresenta uma produção marcante, uma vez que foram amplamente utilizados na conscientização política e em campanhas sociais durante e após os recentes processos de independência dos diversos países africanos, principalmente ex-colônias francesas e portuguesas.
Ultimamente muitas associações tem desempenhado um papel importante no incentivo à leitura e produção de histórias em quadrinhos africanas, como a BéDAFRIKA, a AfriBD, a AfroBulles e a World Comics. Infelizmente, as publicações africanas raramente figuram nos acervos das editoras brasileiras, sendo raras as exceções como Aya de Yopougon. O acesso aos quadrinhos africanos ficam praticamente restrito à títulos importados, como a fabulosa antologia Africa Comics.
As Histórias em Quadrinhos representam, hoje em dia, um importante veículo de informação e expressão artística e política, sendo hoje objeto de diversos estudos. Novas abordagens dos quadrinhos em ramos como o jornalismo, a história, a literatura, a sociologia, a propaganda e até mesmo a filosofia são sinais claros da importante contribuição que esta linguagem pode oferecer para a História e Cultura Afro-Brasileira. O incentivo do governo, o mercado editorial e os estudos sobre quadrinhos formam uma corrente em constante crescimento, proporcionando novas abordagens para professores e alunos repensarem a África.
Apesar do uso efetivo dos quadrinhos como objeto de estudos acadêmicos e pedagógicos ainda serem pouco explorados, eles podem representar uma eficiente plataforma para novas abordagens, servindo como uma excitante ferramenta para o aprendizado de temáticas africanas.
A LEI 10.639 E OS QUADRINHOS NO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS
A temática da História e Cultura Afro-Brasileira deve ser apreendida, “em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”, de acordo com os termos da lei 10.639 - que inclui a temática de forma obrigatória nos currículos de nossas escolas. Devido suas características específicas, as histórias em quadrinhos são melhores aproveitadas nas escolas justamente nestas três áreas de educação, como podemos observar analisando os títulos selecionados pelo PNBE (onde observamos a presença de quadrinhos de caráter históricos e adaptações literárias). Apesar da suposta diversidade das histórias em quadrinhos que podem ser encontradas nas bibliotecas escolares, infelizmente poucas tratam diretamente da temática africana.
Ao contrário do que muita gente pode pensar essa escassez não pode ser explicada pelo mercado. Um número cada vez maior de quadrinhos sobre o assunto está sendo publicado, inclusive por editoras brasileiras, sejam quadrinhos nacionais ou não, sendo reservado pouco espaço para as publicações africanas propriamente ditas. De qualquer forma, as histórias em quadrinhos, africanas ou não, nos proporcionam uma novo diálogo com a “História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.” (lei 10.639)
AS HQs NACIONAIS: NOVAS ABORDAGENS DO NEGRO NO BRASIL
Existem ótimas publicações nacionais sobre a História da África e dos Afrodescendentes, inseridas dentro do contexto do quadro de luta e das conquistas recentes dos movimentos sociais acerca da representação do negro afrodescendente no Brasil.
Além de publicações de autores consagrados, como “Cai o Império: República vou ver!”, cujo roteiro é de autoria de Lilia Moritz Schwarcz e ilustrado por Angeli, podemos destacar algumas publicações mais recentes, como as ousadas e inovadoras Chico Rei, NoiteLuz.
Outras publicações refletem a participação governamental nas políticas de inserção do negro nos processos de formação nacional, com ênfase nas aventuras de personagens históricos, como Zumbi e João Cândido. Outro quadrinho que sem dúvida merece destaque é a adaptação do clássico Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre, de 1981, que recentemente ganhou uma edição colorida.
A ÁFRICA SELVAGEM DAS HQs ESTRANGEIRAS
Muitas obras estrangeiras onde figuram a temática e o cenário africano também despertaram o interesse das editoras brasileiras, embora muitas vezes as representações eurocêntricas e até mesmo preconceituosas de certos autores possam representar um perigo se não forem devidamente contextualizadas, podendo servir como uma crítica ao pensamento da época.
O clássico Tintin no Congo, ilustrado pelo belga Hergé, quando o autor tinha apenas 23 anos, é um exemplo escrachado da visão imperialista vigente na década de 30, quando o gibi teve sua primeira publicação. Devido ao seu conteúdo francamente racista e colonialista, o álbum chegou até mesmo a sofrer um processo no tribunal Belga. Porém isto não significa que todas as publicações estrangeiras sejam preconceituosas e limitadas à África exótica de Tarzan ou Fantasma: basta citar, entre uma infinidade de bons títulos, as obras do mestre Will Eisner sobre contos africanos.
A AFRICA DESENHADA PELOS PRÓPRIOS AFRICANOS
Pouca atenção, contudo, têm se dado no Brasil aos quadrinhos produzidos neste imenso continente que é a África, composto de 52 países multifacetados, de uma diversidade cultural única. Entretanto o mercado africano de história em quadrinhos apresenta uma produção marcante, uma vez que foram amplamente utilizados na conscientização política e em campanhas sociais durante e após os recentes processos de independência dos diversos países africanos, principalmente ex-colônias francesas e portuguesas.
Ultimamente muitas associações tem desempenhado um papel importante no incentivo à leitura e produção de histórias em quadrinhos africanas, como a BéDAFRIKA, a AfriBD, a AfroBulles e a World Comics. Infelizmente, as publicações africanas raramente figuram nos acervos das editoras brasileiras, sendo raras as exceções como Aya de Yopougon. O acesso aos quadrinhos africanos ficam praticamente restrito à títulos importados, como a fabulosa antologia Africa Comics.
As Histórias em Quadrinhos representam, hoje em dia, um importante veículo de informação e expressão artística e política, sendo hoje objeto de diversos estudos. Novas abordagens dos quadrinhos em ramos como o jornalismo, a história, a literatura, a sociologia, a propaganda e até mesmo a filosofia são sinais claros da importante contribuição que esta linguagem pode oferecer para a História e Cultura Afro-Brasileira. O incentivo do governo, o mercado editorial e os estudos sobre quadrinhos formam uma corrente em constante crescimento, proporcionando novas abordagens para professores e alunos repensarem a África.
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